A proposta agora é um pouquinho diferente das anteriores, vamos exercitar nosso olhar de forma simples, usando o audiovisual como ferramenta para lembrarmos de quando o mundo nos era apresentado sem o peso do conhecimento. É um desafio e tanto, mas acredito que vai valer a pena, quer dizer, vai valer a lente. Seguem algumas ideias sobre esta terceira etapa:
Imagem, som e movimento, isto é basicamente o que toda criança gosta, pois o conhecimento do mundo começa a ser construído através dos sentidos. Tentar observar o mundo com o olhar curioso da criança é uma boa técnica para reconhecê-lo como repleto de novos significados.
Para um realizador de vídeos o exercício deste olhar curioso pode constituir a matéria prima da qual sua obra derivará.
A inteligência adulta é grave.
Faz afundar.
A inteligência infantil é leve
Faz levitar.”
(Fernando Pessoa)
A diferença entre uma filmagem interessante e um vídeo que só nos dá sono ou, pior, um certo desgosto por estar perdendo tempo assistindo-o, nem sempre é percebida na totalidade de detalhes técnicos ou artísticos, e muito menos na sua essência.
O que faz uma sequência de imagens em movimento acompanhada de trilha sonora ser ou não interessante, reveladora, transformadora e inspiradora?
Partindo desta pergunta e acreditando que o que faz a diferença real na essência de uma obra audiovisual é a abordagem única e autentica do tema, seja ele qual for, é que o desafio desta oficina será lançado: Resgatar o olhar curioso da criança existente em cada participante, ainda sem preconceitos, sedento por encontrar significados e com vontade de entender e, sobretudo, de experimentar, o quê, afinal, forma este mundo. Um olhar que certamente nós temos, e que é único como uma impressão digital e que, talvez, esteja perdido ou contaminado pelas tantas imagens a que somos submetidos cotidianamente. Ou, simplesmente, por não encararmos mais o tempo como um espaço de possibilidades e descobertas.
No fluxo de compromissos e responsabilidades que, enquanto adultos, estamos submetidos é essencial encontrarmos um tempo para respirar e repensar de que forma temos olhado o mundo: com os nossos olhos ou com o olhar de outros?
Esta reflexão será a base desta oficina.
Abrindo esta possibilidade de necessária pausa, para que a oportunidade de se encontrar respostas à pergunta anterior possa ser experimentada pelos participantes na prática do fazer individual. Assim, cada um será incentivado durante os encontros da oficina a reservar um tempo seu, com qualidade, e ficará responsável pela realização de seu material audiovisual. Este material será visto por todos os participantes, na prática do compartilhar nossas imagens para ter a contribuição de outros olhares sobre elas. Gerando um processo circular, de prática, reflexão, prática, reflexão, capaz de enriquecer o repertório de cada realizador, contribuindo para que seus filmes ganhem uma potencia genuinamente artística.
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